Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

MARIA CRISTINA BACELAR DE MATTOS
( Brasil – Bahia )



Trabalha em Araujo Florence Empreendimentos Ltda., na função de Assistente de Marketing (empresa de Construção Civil).
Estuda Secretariado Executivo pela Universidade Católica de Salvador (BA).
Participação em coletâneas: Nova Poesia Brasileira — Poetas Brasileiros de Hoje — Escritores Brasileiros I e II — Literatura Brasileira , e é Coordenadora e participante da Coletâneas de Cidades Brasileiras  (todas as coletâneas da Shogun e algumas da Crisalis).
Faz xilogravuras nas horas livres.


LÁGRIMAS SERTANEJAS


Na frente da casa de taipa, sob o sol escaldante, uma figura magra,    
pálida,  encurvada,   como aqueles que carregam uma pesada cruz,
tem sobre o colo pendente a cabeça do filho morto.

Moço era velho! e ali estava, minúsculo, franzino, acocorado. Entre os
rasgos da camisa,  via-se o peito nu, a pele curtida.  Uma mão calosa


alisava a terra árida.  A outra mão pousava a testa fria do filho morto.
O rosto macilento, descarnado, tinha a expressão do tempo, em cada
ruga em todas as marcas.

Parecia fitar ora o céu ora a planície de cactos. Dir-se-ia que ele orava
da  sua  forma  humilde  sertaneja. E  como quem  ainda  tem  forças ergue  os olhos  encovados  para além  da soleira da porta:  a mesma
lúgubre  cena  o estremeceu;  sobre o leito de tábuas,  o filho recém-
nascido, ávido, vivo, sugava o seio nu, duro e frio da mãe morta.

Os  olhos  miúdos,  opacos,  brotaram  lágrimas que  escorrendo pela
face caíram na terra árida.  Lágrimas de dor salgadas como  o sertão,
tristes como a seca.

 

LITERATURA BRASILEIRA.  Capa e Coordenação editorial: Christina Oiticica.  Rio de Janeiro; Shogun Editorial, 1986.  97 p.  No. 10 371
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda



QUEDA

Umas poucas palavras
e foi como cair no abismo
— cheio de incontáveis urnas,
esquifes —
para  além da vida...
Resignadas as mãos prostaram-se
ao lado do corpo,
rijo...
Imóveis elas teceram
incontáveis gestos...
O peito arfou
e da boca entreaberta, um soluço
dos olhos espantados lágrimas
que desceram pela face lisa.
Esse foi o único sinal de vida
Depois ergueu um olhar para o céu

numa tentativa derradeira
e como quem busca a esperança perdida
fitou uma estrela
Era uma estrela fenecida...


OCASO

Quando toda a neve tiver caído por sobre tuas têmporas
e o frio dos tempos estiver enrijecendo teus músculos já frouxos
e em teu antigo rosto estiver exposto todos os caminhos que não
[percorremos

Tu, pálida imagem refletida nesse espelho convexo da vida,
despertará as forças que ainda te restam.

E, num arroubo, como quem vê desesperado chegar ao fim,
soltará as amarras antigas que te prenderam decênios,
correndo em direção a quem te fale de mim.

Este, que foi testemunha de minha solidão e desgosto
num gesto pateticamente louco, rindo com mistério,
repetindo meu nome em voz alta,
apontará com seus dedos longo o cemitério;
minha derradeira morada.

Lá sorrindo meu rosto retratado.
E a inscrição sob meu rosto te dirá no metal da lápide fria:
Aqui jaz tua Cristina, Maria.

*
VEJA e LEIA outros poetas da BAHIA em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html

Página publicada em abril de 2025. 


 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar